A estimativa para os números finais é que o PIB do quarto trimestre se mantenha na casa dos 3,2%, mostrando uma economia aquecida
É possível evitar uma recessão?
2023-04-12 • Atualizado
Nas últimas duas semanas, aumentaram os sinais de uma possível desaceleração na economia global. A pandemia continua prejudicando a atividade econômica na China, a guerra na Ucrânia segue impactando a economia europeia inteira, e os esforços do Federal Reserve para controlar a inflação ameaçam provocar uma recessão.
As vendas no varejo na China, principal medida do ritmo de consumo, tiveram 11,1% de queda (ano a ano), contra os 6,6% previstos. A produção industrial, que sustentou a rápida retomada econômica do país após o choque inicial da covid-19, teve 2,9% de queda.
Na Europa, a Comissão Europeia projeta para este ano um crescimento de apenas 2,7% da UE e da zona do euro, bem abaixo dos 4% previstos anteriormente. Dado que a inflação deve passar dos 6% neste ano, a presidente do BCE, Christine Lagarde, sinalizou apoio a uma alta dos juros em julho, abrindo caminho para o primeiro aumento de taxa na zona do euro em mais de dez anos.
Nos EUA, a inflação anual segue no mais alto patamar em 40 anos e há um risco considerável de recessão. Nesta semana, o ex-diretor do Goldman Sachs alertou para o “risco muito, muito alto” de uma recessão. Segundo o Wells Fargo, não há dúvida de que um revés se aproxima no horizonte. O ex-diretor do Fed alertou que os EUA devem entrar em um cenário de estagflação, economia em desaceleração e desemprego alto, bem como alta da inflação. A chance de uma recessão no momento gira em torno de 30%, conforme uma pesquisa feita pela Moody's e uma enquete feita pelo Wall Street Journal.
O que pode causar uma recessão?
A principal preocupação é se o Fed vai aumentar os juros rápido demais, acabando com o crescimento econômico. Juros em alta contêm a inflação ao dificultar o acesso ao crédito, encarecendo a aquisição de bens e serviços pelos consumidores e a expansão e contratação das empresas.
Se o Fed errar, uma alta brusca pode interromper o crescimento e causar uma recessão. Com o banco central americano agindo agressivamente para domar a inflação, não resta dúvida de que uma contração se aproxima, ainda que ela não evolua para uma recessão.
É possível evitar uma recessão?
O cenário não é totalmente pessimista. Alguns indicadores econômicos mostram que a retomada segue no caminho certo e que a economia dos EUA continua firme:
1. A produção industrial nos EUA teve em abril seu quarto mês seguido de alta, atingindo uma máxima de 15 anos.
2. O consumo nos EUA — que responde por dois terços da atividade econômica — permanece forte, com as vendas no varejo mostrando bom crescimento em abril.
3. O mercado de trabalho também continua forte, com 428.000 empregos criados em abril — este foi o segundo resultado mensal consecutivo a superar as previsões. Se esse ritmo for mantido, os EUA vão alcançar o pleno emprego até julho.
No fim das contas, apesar do crescente temor de uma recessão ou tendência de queda, as condições ainda são favoráveis. Por exemplo: ainda não vimos demissões em massa, um sinal de recessão. O consumo — que responde por cerca de 70% da atividade econômica americana — vem se mantendo de pé. Se o consumo desacelerar repentinamente, o impacto será imediato e negativo: os lucros das empresas vão cair e os empregadores vão começar a demitir funcionários para conservar suas margens. No caso do dólar americano, os indícios de uma iminente recessão vão fazer mal à cotação, ao passo que boas notícias econômicas vindas dos EUA vão fazê-la subir.
Semelhante
As especulações de que as autoridades do BOJ irão intervir para conter qualquer fraqueza adicional do JPY mantêm um limite para quaisquer ganhos adicionais
Opiniões divergentes dos oradores do Fed sobre cortes de taxas prejudica o desempenho do USD
Últimas notícias
Depois da queda no mês de março em cerca de 26 mil vagas de emprego, a expectativa do mercado é de nova queda para 8,790M para o mês de fevereiro do mesmo ano
Nesta segunda-feira, primeiro dia do mês de abril, os EUA liberam os números dos PMIs da S&P Global e do ISM para a indústria
Todas as atenções estarão nos preços básicos do PCE (núcleo) dos EUA, que excluem alimentos e energia para o mês de março, com a expectativa de que os números venham abaixo do mês anterior, que registraram um aumento de 0,4%